lunes, 22 de febrero de 2016

POESÍA PORTUGUESA Y FADO (5): ESTATUA FALSA (MARIO DE SÁ CARNEIRO / MÍSIA)

¡Es el turno de la pareja integrada por Mário de Sá Carneiro y Mísia!


Estátua Falsa


Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minha'alma desceu veladamente.

Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distancia.

Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de mêdo!

Sou estrêla ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida ao ar...

Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão' (1914).

No hay comentarios:

Publicar un comentario